Archive for the ‘Uncategorized’ Category
7 Documentários Políticos
Posted May 16, 2016
on:Reuni 7 documentários aqui para falar sobre política no Brasil, pois eu mesmo já estou cansado de conversar sobre isso. Quem tiver mais documentários para indicar, agradeço.
A LISTA DE FURNAS, AÉCIO NEVES E A LINHAGEM TUCANA.
Entreatos: a trinta dias das eleições
(A primeira parte foi tirada do youtube)
GARAPA – JOSÉ PADILHA
Ônibus 174 – JOSÉ PADILHA
Dossiê Jango 2013 – O Golpe de Estado de 1964 no Brasil
GETULIO VARGAS
Ao Sul da Fronteira – OLIVER STONE
Vídeo Casamentos – VM Filmes
Posted May 4, 2016
on:Carlos & Camila
Sheila & Vinicius
Giu & Juliano
Lucila & Marcelo
Tati & Cassiano
William & Roseli
OS RATOS VÃO PRO CÉU?
Posted January 22, 2016
on:Ouvi um barulho lá embaixo. Eram ratos. Eles habitavam a sala. Viviam no forro da estante. Faziam barulhinhos incomodáveis. Porém a gente não deixaria quieto. Meus pais armaram um plano, ou melhor, compraram uma ratoeira. Daquelas ratoeiras gaiolas. O rato entra pra comer o alimento e nunca mais sai dali. Acho que foi o que aconteceu comigo nessa vida. Entrei pra comer um queijo e nunca mais saí. Adoro queijos. Os ratos nem tanto. O problema é ficar preso neste mundo cruel. Naquela época ainda não entendia a maldade do ser-humano. Nem sabia que existia. Se bem que na escola, a cada dia uma pessoa era escolhida pra ser o rato. Na verdade os ratos eram sempre os mesmos e não existia esse negócio de bullying. Já fui rato e sei como é. Já ouvi histórias de ratos que se mataram por aí. Cansaram de ser cobaias de piadinhas maléficas e desapareceram do colégio. Foram parar num rio sujo feito uma ratazana ou se mataram por causa de um queijo. Como se o queijo fosse a paz que eles procuravam. Enquanto existir seres humanos vivos não haverá paz.
Ouvi meu pai caminhar pelo corredor. A luz do corredor estava acesa. Tenho medo do escuro e ela iluminava o quarto. Pulei da cama e fui acordar meu irmão. Ele falava enquanto dormia, mas tinha o sono pesado. Ele tinha uns 13 anos e eu uns 9 nessa época de nossas vidas.
-Acorda, acorda!
-Que foi? – disse ele com voz sonolenta.
-Acho que é um rato!
Era o primeiro rato de nossas vidas. Ele pulou da cama e corremos seguindo meu pai que já descia a escada.
-Volta pra cama meninos. – disse minha mãe da porta de seu quarto.
-O que aconteceu? – perguntou minha irmã que sofria de insônia infantil.
-O RATO! – gritamos eu e meu irmão.
-Deixe os meninos. – disse meu pai.
-Aí que nojo. Eu não vou lá. – falou minha irmã.
Meu pai acendeu a luz da sala e lá estava ele feito um ratinho de laboratório que acabara de receber um câncer de presente. Corria pra todos os lados feito um fugitivo de filme policial americano quando entra num beco sem saída. E ele não tinha saída. A morte estava próxima.
-E agora o que a gente faz? – perguntou meu irmão.
-Tem que dar um jeito de matar ele. Se eu soubesse não tinha usado essa ratoeira.
-E mata como?
-Boa pergunta… – disse meu pai.
Ficamos pensando enquanto o rato tentava um novo caminho. O alimento dentro da gaiola estava intacto. Ele não deve ter entrado ali por isso. Os ratos são inteligentes e convivem com o ser humano a cerca de dez mil anos. Acho que Raul Seixas falava sobre eles na música “Eu nasci há 10 mil anos atrás”.
-E se a gente colocasse a gaiola num balde d’água? – sugeri.
-Boa ideia.
Levamos a ratoeira até o quintal. Era uma bela noite de lua cheia. Os lobisomens estavam em Paris ou em algum lugar da Europa. Enchemos um balde d’água até a boca. Meu pai pegou a ratoeira e a afogou n’água que começou a jorrar do balde.
-Cuidado com essa água meninos. Ratos transmitem doenças. – alertou meu pai.
Os ratos transmitem cerca de 55 doenças para o ser humano. Resta saber quantas doenças os seres humanos transmitem para os ratos. Mas isso pouco importa. O ser humano se fez do personagem principal aqui nesse mundo. Por isso vivemos contando a história da humanidade. Estamos cagando pras outras espécies em extinção e matar um rato se torna um ato normal. Rato é uma peste e precisa ser exterminada, por isso existem os dedetizadores. Por sorte dos ratos e azar dos seres humanos existem três ratos para cada um de nós e uma fêmea pode reproduzir cerca de 200 filhotinhos por ano. Se um rato pudesse escrever um livro sobre a história da “ratanidade” eles seriam os heróis e não os inimigos. Eles venceriam a guerra da peste negra. Talvez exista uma grande guerra mundial entre os ratos que a gente não sabe. São mais de 1700 espécies espalhadas pelo mundo. Quem sabe um dia eu faça um filme sobre ratinhos que fazem experiências em seres humanos de laboratório chamado “O planeta dos ratos”.
Enquanto eu lhe falava um pouco sobre a espécie nosso ratinho estava preso à gaiola submersa. Ele nadava desesperadamente sem conseguir sair debaixo d’água. O luar iluminava a água e a gente conseguia ver a expressão de desespero do nosso amigo. A sentença de morte foi dada e ele nem pode se defender. Agora ele era tão próximo mim. Quando vemos o sofrimento de um ser vivo de perto a gente percebe que não há diferença alguma entre nós. Os ratos nascem, crescem, fazem o que tem que ser feito para sobreviver e de repente morrem. Às vezes são assassinados por outros ratos, ou por outras espécies de seres vivos. Eu sou um homem ou um rato? Não passo de um ser humano de merda que aos 9 anos de idade encarou a morte de frente. Os ratos duram cerca de dois minutos respirando dentro d’água. Nesses dois minutos nenhum de nós três esboçou reação alguma. O ratinho afundava, parecia perder a consciência e depois voltava a nadar até encontrar as grades. As grades são a repressão dos sonhos. Ratos devem ter sonhos, desejos e devem fazer planos. Acabamos com os sonhos desse. Ainda vejo até hoje a imagem dele afundando na água já sem vida. Um pouco de nossas vidas se afundou com ele no fundo daquele balde e a gente sabia disso. Meu pai despejou a água no ralo e deixou a gaiola por ali. Fomos dormir sem dizer nada com a luz do corredor acesa. Meu irmão pegou no sono rápido e falou bastante durante a noite. Tive medo de morrer pela primeira vez na vida e chorei. Fiquei com dó daquele rato. Nós três nunca mais falamos sobre isso.
“ESTRANHO O TEU CRISTO, RIO”
Posted January 21, 2016
on:Voltava pro hotel num fim de tarde de um belo dia na cidade maravilhosa dentro de uma perua chinesa que tem um dispositivo para esquentar o acento. Ligamos o ar condicionado no talo, cansados do dia árduo de trabalho sob um sol de 40 graus quando ouvimos o guia turístico dizer: “olha os pivetes à direita”.
Olhamos e vimos uma cena de cinema no maior estilo caixa baixa do filme Cidade de Deus. Cinco pivetes, aparentemente de uns 8 pra 10 anos, caminhavam ligeiramente próximos à Igreja de Nossa Senhora da Candelária, todos com uma garrafinha de plástico na mão. Garrafinhas parecidas com a que é servido o delicioso caldo de cana nas feiras paulistanas ao lado de uma barraca de pastel. Só que ao invés de caldo de cana havia um líquido transparente que era baforado pelos pivetes.
Adultos que voltavam do trabalho desviavam quando os garotos se aproximavam sem fazer menção de desviar dos transeuntes. Pensava eu que poderia ser espíritos menores de idades mortos por policiais militares na famosa chacina ocorrida na sombria noite de 23 de Julho de 1993. Mas os menores de idade assassinados naquela ocasião foram seis, totalizando 8 com os dois maiores que subiram. Dentre os menores daquela noite de julho, um que acabara de fazer 15 anos, ganhou um bônus como presente de aniversário e se tornou um dos sobreviventes da Candelária. Sandro Barbosa do Nascimento, o sequestrador do famoso Ônibus 174 que depois virou um excelente documentário dirigido por José Padilha. No desfecho deste sequestro, Sandro assassinou a refém com 3 tiros nas costas, após a polícia atirar em sua direção e erroneamente também atingir a refém Geisa Firmo Gonçalves, então grávida de dois meses. Sandro foi morto asfixiado pelos policiais dentro da viatura.
Entro numa reflexão sobre a cidade do Cristo, que foi presente de franceses assim como a Estátua da Liberdade na América! Cidade dos morros pacificados a base da tortura, onde quase ninguém mais lembra do Amarildo, pois já há novas histórias pra se contar e discutir nas mesas dos bares, onde a orla é “despacificada” a base de facadas que serão esquecidas quando novos assuntos surgirem para serem discutidos, na cidade onde os edifícios de metros quadrados caríssimos vão surgindo fazendo a espécie dos sobrados entrarem em extinção, onde as obras para a Copa do Mundo corrupta de 2014 e da próxima Olimpíada 2016 congestionam o trânsito, onde o manobrista do hotel nos aconselha a não sair a pé do hotel para procurar uma pizzaria pra matar a fome, pois há jovens com fome baforando cola com facas na mão e policiais com fome de matar.
Apesar disso tudo, o Rio continua sendo a cidade maravilhosa e sempre será pela beleza natural de seu relevo. Pela sua arte, arquitetura de edificios históricos e belas pernas que desfilam pela orla de Ipanema/Leblon/Copacabana. Uma cidade tão linda quanto a beleza da trágica história de Sandro e tantos outros pivetes.
Admirar a beleza da mulher que passa é como contemplar uma linda paisagem com um belo pôr do sol no horizonte de um mar azul.
Não posso negar. Sou um observador de belas mulheres que passam por mim. Se isso me torna um machista, sou machista sim.
Mas não posso negar também, que ao fotografar duas modelos vestindo roupas de uma marca em plena Av. Paulista me fez refletir sobre a questão. Estive ali registrando o que a mulher é obrigada a aturar todos os dias de sua vida.
A obra em festa! O pessoal abandonou o serviço para observar as modelos. Por sorte estávamos do outro lado da rua e elas sobreviveram as cantadas de pedreiro.
Buzinadas e olhadelas de motociclistas e motoristas é algo comum no dia a dia.
Contrair torcicolos ao atravessar a rua também é algo corriqueiro.
A mulher sofre ao andar na rua. Mais algumas inúmeras vezes elas foram assediadas durante o percurso da Praça do Ciclista até o MASP. Não ter a liberdade de vestir a roupa que quiser sem sofrer o preconceito de homens, e às vezes até de outras mulheres é muito triste. Muitas vezes em rodas de amigos posso ouvir o comentário: “Caralho! Que gostosa! Deve ser puta! Vestida desse jeito só pode ser puta.” ou ouvindo histórias de amigas que rotulam mulheres de “vagabundas” por certas atitudes. Por isso deveríamos dar mais atenção para a campanha #meuamigosecreto . Mas a campanha já caiu no esquecimento. O ódio no discurso foi tanto que não ouve diálogo. E sem diálogo uma conversa acaba. Escrevi um texto sobre uma situação “machista” que ocorreu comigo no banheiro de um bar e fui acusado de estar desmerecendo o movimento das mulheres por algumas amigas. Mas se o machismo está em toda a sociedade: nos homens e nas mulheres, nos heterossexuais e homossexuais, no branco e no negro, etc. Porque todo mundo não pode dialogar sobre o assunto? O fato de eu ser homem e ser heterossexual não muda o fato de eu querer um mundo melhor para minha mãe, minha irmã, para a mulher que for minha companheira e para uma possível filha que eu possa ter.
E a questão de apreciar a beleza alheia, ao meu ver, não pode ser considerada um machismo. Tudo depende da educação. Um cara torcendo o pescoço ou dando buzinadas para mulheres na rua pode ser tão escroto quanto um cara olhando pro seu pau enquanto você está urinando num mictório.
Mas não podemos acabar com a poesia. Meus amigos secretos continuam sendo Vinícius de Moraes e Antônio Carlos Jobim. O que seria da poesia e da música brasileira se esses dois não ficassem a beber no Bar Veloso em Ipanema enquanto observavam aquela “menina que vem e que passa num doce balanço a caminho do mar”?
O Poeta Não Está Vivo!
Posted December 7, 2015
on:(Foto: Isadora Reimão)
De que vale uma poesia?
cantada
falada
escrita
ou reclamada?
Pois eu reclamo
quando exclamo
quando declamo
Uma revolta dita
gritada
para não ser ouvida
Querem ver o poeta morto
bêbado
caído ao chão
embriagado de vida
na orgia da solidão
com o nariz na pia
e um cigarro hollywood
na mão
querem vê-lo maldito
pelo mal dito
dos espectadores
de espetáculos tristes
querem vê-lo enlouquecer
se debater numa camisa de força
se derreter em lágrimas
chorar
sofrer
querem usa-lo
não querem ama-lo
querem vê-lo voar
pela janela
do décimo andar
depois de tudo acabado
querem julga-lo
acabar com sua morte
beber o sangue derramado
em cálices de vinho
contando piadas
homicidas
no botequim
Mas de que vale sua poesia
se sua vida não for um caos?
CORREDOR DA MORTE
Posted December 7, 2015
on:(O Sétimo Selo – Filme de Ingmar Bergman)
Brasileiros
no alto dos morros cariocas
sob a mira de pacificadores
nas saídas de condomínios burgueses
no erro do GPS
pelo engano de um soldado desumano
reagindo ao furto de um bandido
cortando cabeças por um metro quadrado
queimando no mármore do paraíso
enquanto dormia
pelo fanatismo futebolístico
ou um crime passional
sofrendo o stress do dia a dia
na tristeza melancólica
sob efeitos colaterais de antidepressivos
pela sede de sangue de um Aedes Aegypti
usufruindo de um fumo cancerígeno
em meio a poluição da grande metrópole
comendo o pão que Deus amassou
na saúde tóxica do alimento torturado
em corredores de hospitais lotados
disputando terras indígenas
e terras sem donos
expulsos de um prédio vazio
é difícil incendiado
s aqueando o corpo
que penetra sem preservativos
prendendo mentes inteligentes
em camisinhas de força
no açougue fétil da avenida paulista
com bicicletas ou lâmpadas incandescentes
num chute na cara da sociedade anônima
que enquanto espera no corredor da morte
grita por clemência com seus CAPS LOCKs
pela lei cumprida de um país de surfistas mortos
BAGUNÇA
Posted December 7, 2015
on:(Foto: Carolina Ojo)
Eu e você juntos
Bebendo livros tintos
Lendo vinhos de poesia
No cigarro de incêncio
Fumando uma escada
Deitados no teto
Olhando pra cama
Bagunçando todas
As palavras
Eu e você juntos
Relendo livros vinhos
Manchados de poesia
Incendiando a fumaça
De um cigarro na escada
Teto deitado na cama
Olhando nós dois deitados
Bagunçando todas
As palavras